Escrito por Carla Lima, Gerente de Negócios (Startups) no Itaú Unibanco
Ainda que a palavra “inovação” tenha se popularizado, principalmente nos dias de hoje, muitas pessoas ainda associam esse termo exclusivamente com o uso de novas tecnologias para facilitar processos e economizar tempo.
Por isso que diversas empresas investem em equipamentos modernos acreditando que, dessa forma, o pensamento inovador vai se tornar uma característica sempre presente no negócio – como se os aparatos tecnológicos por si só pudessem magicamente instalar esse mindset diferenciado nas equipes.
O problema dessa linha de raciocínio é que ela não considera algo fundamental: as pessoas são as verdadeiras responsáveis por transformar a inovação em realidade, não as máquinas. E, para que isso aconteça, elas precisam estar inseridas em uma cultura forte e que crie um ambiente estimulante para novas ideias.
Neste artigo, entenderemos por que a inovação e transformação cultural são conceitos que devem andar de mãos dadas para que um empreendimento se torne inovador de fato.
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Antes de tudo… O que realmente significa “inovar”?
No Manual de Oslo, publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é referência mundial em conceitos e metodologia para analisar o pensamento inovador nas empresas, a inovação é definida como “(…) um produto ou processo, novo ou aprimorado (ou uma combinação dos dois) que difere significativamente dos produtos ou processos anteriores da empresa e tenha sido introduzido no mercado ou colocado em uso.”
A palavra tem origem no verbo latino innovare, que significa, em essência, renovar ou restaurar. Ou seja, significa transformar uma ideia em solução, usando a nossa criatividade e nossos conhecimentos para concretizar esse objetivo.
Percebe que até agora não falamos sobre novas tecnologias? Isso porque, quando pensamos nesse conceito de forma mais ampla, vemos que elas entram muito mais como ferramentas do que como fins. Ou seja: são grandes facilitadoras dos movimentos inovadores, mas não são os únicos ingredientes necessários para que eles aconteçam.
E o que a transformação cultural dentro das empresas tem a ver com isso?
Para entender essa relação, precisamos explorar mais um conceito: o da cultura corporativa, que diz respeito aos hábitos, comportamentos e práticas sociais em uma empresa. Ela está presente no coração, na mente e nas habilidades dos colaboradores, movendo-os em determinadas direções no dia a dia de trabalho.
Ou seja, crenças e valores que promovem a sintonia entre todos os membros de uma organização, ditando tendências de comportamento e maneiras de pensar.
Tudo isso para dizer o seguinte: se em uma empresa os funcionários não têm o costume de sair da zona de conforto, pensar diferente, colaborar com seus pares e ir além das tarefas diárias, por exemplo, não existe tecnologia potente o suficiente para fazer com que a inovação se torne uma realidade. Afinal, os elementos necessários para que ela aconteça não existem na CULTURA daqueles que movem o negócio.
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É possível mudar esse contexto e criar uma cultura voltada para inovação?
A resposta é sim, porém o processo é longo e minucioso, uma vez que iremos alterar hábitos e comportamentos que foram reproduzidos durante muitos e muitos anos. Por isso se trata de uma verdadeira transformação cultural, pensamos de forma ampla, e não apenas em modificações internas pontuais e desconexas.
Confira a seguir cinco pontos que precisamos considerar para que esse movimento aconteça:
A inovação começa no alto escalão da organização para ser multiplicado por todos os colaboradores
Os líderes possuem um papel essencial de comunicar suas equipes de forma efetiva sobre os novos valores e hábitos que estão sendo incorporados na nova cultura, mas além disso, também dar o exemplo para que seus liderados possam se inspirar e seguir pelos mesmos caminhos. De que adianta, por exemplo, incentivar a troca de ideias entre o time se o gestor não está presente nas discussões ou não tem interesse por aquilo que os membros estão trazendo?
Crie ambientes colaborativos onde todos sintam-se seguros e não tenham medo de errar
A colaboração e a segurança psicológica são dois pilares muito fortes do pensamento inovador. Afinal, precisamos incentivar as pessoas a expor suas ideias livremente, sem receio de serem reprimidas.
Nesse sentido, sugerimos semanais ou mensais de brainstorm, workshops pontuais sobre diferentes temas e promoção de rodas de conversa mais descontraídas entre os times e também com áreas diferentes.
Incentive a busca por conhecimento
Além de cursos e treinamentos promovidos pela própria empresa, vale a pena incentivar os colaboradores a estarem sempre aprendendo coisas novas, uma vez que é assim que se alimenta o repertório interno de cada um para que a criatividade possa aflorar.
Feiras de inovação e tecnologia, palestras, clube do livro, estudos de caso… As possibilidades são muitas e disponíveis em apenas alguns cliques.
Cuide dos seus!
Você consegue ter boas ideias quando não está bem? Provavelmente não, certo?
A mesma lógica funciona para aqueles que trabalham com você. É muito importante que todos os membros do seu time estejam inseridos em ambientes de trabalho saudáveis, com relacionamentos de qualidade e onde o bem-estar físico e mental seja sempre levado em consideração para que possam prosperar.
Lembre-se: o ativo mais importante de qualquer organização são as pessoas.
A inovação se faz no cotidiano de uma empresa
Para que a tornarmos algo em um forte elemento cultural, é precisamos praticar diariamente. Isso significa que, para que o pensamento inovador seja natural dentro de um negócio, ele deve fazer parte das rotinas das equipes, seja em suas atividades mais básicas, seja nas reuniões ou trocas com os colegas.
Inovação é uma constante, não um prêmio que você conquista e que fica exposto sem que você nunca mais mexa.
E aí, a sua empresa vai ficar de fora?
Transformação cultural é a base da inovação. Com este artigo, acredito que essa ideia tenha ficado clara.
Empresas que já entenderam essa relação e promovem as mudanças necessárias estão saindo na frente. Será que a sua organização vai acompanhar esse movimento?
“Para a inovação acontecer, você deve ser gerido por ideias, e não por hierarquias”.
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