O Foresight é a ciência que estuda o futuro de forma lógica e provocativa. Através da análise de tendências, sinais e padrões, busca interpretar mudanças e antecipar possibilidades. Dessa maneira, empresas, governo e demais organizações conseguem se preparar no presente para surfar ondas do futuro.
Até meados da década de 80, as pessoas buscavam projetar o futuro com a máxima precisão possível. No entanto, na era da transformação em que a mudança ocorre cada vez mais acelerada, o foresight passou a interpretar possibilidades de futuros – isso mesmo, usado no plural – em que as organizações projetam alguns cenários futuros e traçam suas estratégias para explorar oportunidades.
Essa metodologia não tem relação com os antigos planejamentos estratégicos para 10 anos, os quais elencavam uma meta futura e, a cada ano, haviam objetivos traçados para se chegar lá. O Foresight busca analisar como a sociedade estará em diversos futuros possíveis, tentando imaginar como a empresa pode se posicionar. Dessa forma, a mesma consegue identificar em quais projetos começar a investir no presente.
Contudo, vale ressaltar que, como o futuro é incerto, o foresight precisa ser revisto todos os anos, identificando se os cenários previamente construídos sofreram alguma alteração e se é necessário algum ajuste de rota.
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Há diversas abordagens estabelecidas no campo da futurologia quando se trata de construir futuros no meio corporativo. Nesse artigo, trouxemos 6 passos que podem auxiliar a sua empresa nessa construção:
1º Definição do domínio do Foresight
O primeiro passo para a construção de uma visão de foresight, é ter clareza de qual o domínio de interesse você quer trabalhar. O domínio pode ser qualquer coisa que tenha um futuro, como “Futuro da Mobilidade”, “Indústria de proteínas alternativas” ou “Mercado Imobiliário”. Porém, para que o processo de construção não se torne muito abrangente, é importante definirmos 2 aspectos principais:
- Horizonte temporal: Deve-se estabelecer até qual ponto serão estudados os futuros possíveis. Para tal, o horizonte de tempo é normalmente definido com um ano específico no longo prazo, ou seja, entre 7 e 10 anos.
- Mapa de Domínio: É necessário uma segmentação objetiva sobre o que está e o que não está dentro do domínio de pesquisa. Para isso, uma ferramenta interessante é o uso de Mapas Mentais partindo do domínio principal, gerando uma representação visual do que será pesquisado. Mas importante lembrar de que este processo também pode ser iterativo, redefinindo prioridades a partir das novas informações levantadas
2º Momento Atual – Como está esse mercado hoje?
Após a definição do domínio, é o momento de estudar efetivamente como está esse mercado hoje e como chegou até aqui. É necessário entender o histórico e como se deram as interações que levaram a situação atual. Junto a isso, mapear quem são os stakeholders importantes no cenário e como se dá a relação entre cada um deles, além de captar fatores como market share, taxas de crescimento, regulações atuais, etc.
3º Entendendo sinais do Foresight
Entendendo o presente do domínio escolhido, agora entraremos de fato no estudo de futuros!
O primeiro passo é a busca e captura dos “sinais de mudança” que estão ocorrendo. Estes sinais podem ser eventos pontuais, tecnologias emergentes, novas categorias de startups surgindo, enfim, todos os sinais que possam indicar alguma mudança.
No estudo de Futurologia, há 4 tipos de sinais que podemos resumir pelo acrônimo TIPP:
T – Tendências: As tendências são aspectos quantitativos que crescem ou diminuem de forma incremental em um longo período de tempo. Ou seja, podemos considerar o crescimento da população idosa no Brasil, decrescimento das reservas de petróleo mundiais, elevação do nível do mar em cidades litorâneas, etc. Ao encontrar sinais que indiquem a taxa de crescimento ou decrescimento desses números, é possível extrapolar para cenários futuros e entender seus impactos no domínio estudado;
I – Questões (Issues): São as questões que ainda estão esperando por respostas. Respostas estas que podem vir de Governos, Empresas ou da própria Sociedade. Por exemplo, podemos citar a questão da regulação da Inteligência Artificial por parte dos governos e a dúvida no auge da pandemia sobre como empregadores e empregados tratariam o trabalho remoto após a vacinação.
P – Planos: São as intenções de ação já anunciadas por indivíduos, empresas ou organizações. Os planos estratégicos das maiores empresas do setor e programas de governo podem afetar o domínio escolhido. Um forte exemplo são os planos de Carbono Zero e banimento de carros a combustão até uma data-limite por diversos países.
P – Projeções: São previsões públicas já realizadas por outras entidades. Este mapeamento é importante para entender como possíveis concorrentes, governos e outros stakeholders veem o tema, para antecipar ações e questões futuras.
4º Drivers e Construção de Foresights Alternativos
Após divergir na fase anterior, é hora de convergir e agrupar todas as informações captadas até então em Drivers.
Drivers são grupos temáticos de tendências que estão influenciando mudanças e estão relacionadas entre si. Por exemplo, no mercado de Energia, o desenvolvimento de 1. Energia Solar residencial 2. Carros elétricos com tecnologia Vehicle-to-grid e 3. Virtual Power Plants são todos sinais que apontam para um driver de Descentralização no mercado de Energia.
No mercado de saúde, o 1. a telemedicina, 2. o uso constante de wearables e 3. desenvolvimento de vasos sanitários inteligentes apontam para o driver de Empoderamento dos pacientes.
Com os sinais e tendências devidamente interpretados e agrupados em drivers, devemos realizar experimentos cruzando os diferentes drivers, que gerarão os cenários de futuros possíveis.
Esses futuros podem ser classificados em 4 arquétipos, conforme a imagem a seguir:
Os arquétipos servem para entender como se comportar no futuro. No exemplo de Energia, uma forma de abordagem de Transformação poderia ser: “O que ocorreria se a energia solar residencial se disseminasse na metade do tempo previsto?
5º Análise de Impacto do Foresight
Então, chegamos à etapa mais importante de todo o processo! Exaurindo os caminhos futuros que o domínio estudado pode tomar, entendemos o que pode ocorrer em cenários de continuação, colapso, novo equilíbrio e transformação, chega a fase de entender as implicações diretas disto para a sua empresa.
“Se esse futuro ocorrer, o que significará para nossa empresa?” “Se esse futuro ocorrer, como impactará a nossa logística, nosso setor de vendas, etc?”
Após o levantamento das consequências que os futuros podem gerar, é necessário priorizar os mais relevantes para a organização, e então dividi-los em Riscos ou Oportunidades de Negócio para que possam ser tratados como tal na construção estratégica posterior.
6º Construção da Estratégia e Teses de Inovação
As consequências de cenários futuros que sejam vistos como riscos, são bem atendidas pelas ferramentas tradicionais de construção de planejamento estratégicos utilizadas na maioria das empresas, e podem ser levadas como insumos para essa construção. Entretanto, quando falamos de oportunidades de negócio emergentes, o olhar para a construção de teses de inovação e de uma esteira de projetos de inovação será o caminho mais adequado.
Benefícios do Foresight para sua empresa
O Foresight Estratégico permite que as organizações se preparem para futuros incertos, identificando tendências e mudanças em um horizonte temporal definido. Além disso, permite a antecipação de possíveis riscos, a identificação de novas oportunidades de negócios e o planejamento de investimentos em inovação. Ao adotar essa metodologia, as organizações conseguem se manter competitivas em um ambiente de negócios volátil e desafiador.
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Por Tamiris Dinkowski, Innovation Specialist Manager Estratégia e Inteligência, e David Azulay, Analista de Estratégia e Inteligência